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Terapias regenerativas na ortopedia esportiva

Dr. Sérgio Campolina

Sou médico ortopedista com especialização em medicina esportiva e vasta experiência no tratamento de atletas de alto rendimento. Este material foi elaborado com base em ciência atualizada e prática clínica, com o objetivo de informar e orientar sobre o uso responsável das terapias regenerativas.

 

Dr. Sergio Campolina – Ortopedia Esportiva e Medicina Regenerativa
 O que são Terapias Regenerativas?

As terapias regenerativas representam um conjunto de abordagens terapêuticas voltadas à restauração da função e estrutura de tecidos lesionados por meio de substâncias biológicas oriundas do próprio organismo [1,2]. Essas estratégias têm ganhado destaque tanto na ortopedia esportiva quanto na medicina regenerativa por oferecerem alternativas menos invasivas, com menor tempo de recuperação e risco reduzido de efeitos adversos [3,4].

Principais recursos:

• PRP (Plasma Rico em Plaquetas): Rico em fatores de crescimento como PDGF, TGF-β e VEGF, o PRP modula a inflamação e estimula a regeneração [1]. Estudos apontam que o PRP apresenta efeitos superiores a placebo no alívio da dor em tendões e articulações, com perfil de segurança favorável [5].

• iPRF (Fibrina Rica em Plaquetas Injetável): Libera fatores de crescimento de forma lenta e sustentada, promovendo angiogênese e reparo tecidual mesmo em áreas hipovasculares, como tendões crônicos [6].

• BMAC (Concentrado de Aspirado de Medula Óssea): Fonte rica de células-tronco mesenquimais e fatores tróficos, o BMAC vem sendo estudado em condropatias, lesões ligamentares e artrose precoce com bons resultados clínicos e funcionais [7–9].

• Aspirado de gordura (Microfat/Nanofat): Contém células mesenquimais derivadas do tecido adiposo, matriz extracelular e fatores bioativos. Aplicações promissoras incluem artrose de joelho e regeneração em áreas com baixa vascularização [10].
Essas terapias são aplicadas com segurança, respeitando protocolos padronizados e avaliação criteriosa. A medicina regenerativa atua como complemento à ortopedia tradicional, visando preservação estrutural e melhora funcional com menor tempo de afastamento [3].
Onde as Terapias Regenerativas Funcionam Melhor?
A eficácia das terapias regenerativas depende do tipo de tecido, do tempo de intervenção e da correta indicação [4,5].
Aplicações com evidência científica:

• Lesões Musculares: O PRP demonstrou reduzir o tempo de retorno ao esporte em lesões musculares estruturais, especialmente quando aplicado nas primeiras 48–72 horas, com imagem guiada [11]. Um RCT mostrou retorno médio 4 dias mais rápido com PRP do que com tratamento padrão [11].

• Tendinites e Tendinopatias Crônicas: Estudos mostram que tanto PRP quanto iPRF melhoram dor e função em tendinopatias do tendão patelar, aquileu e epicôndilo lateral, principalmente se associados à fisioterapia excêntrica [5,6].

• Lesões de Cartilagem e Artrose (Condropatias): Pacientes com artrose leve a moderada se beneficiam do PRP por sua ação anti-inflamatória e analgésica [3,8]. O BMAC, por sua vez, mostrou superioridade em seguimento de 12 a 24 meses, especialmente em osteoartrite precoce [7,9].

• Lesões Ligamentares (como LCA): O PRP auxilia na integração do enxerto e acelera a cicatrização após reconstrução do LCA. O BMAC tem sido utilizado como reforço biológico intraoperatório, com resultados promissores em estabilidade e retorno funcional [4,9].

• Lesões Combinadas e Artrose Avançada: A combinação de PRP com microfat ou BMAC tem retardado a necessidade de artroplastia em pacientes jovens ou atletas com artrose precoce [10].
Essas terapias devem ser guiadas por imagem, ter indicações precisas e fazer parte de um plano com reabilitação supervisionada. A resposta clínica é individualizada e exige seguimento contínuo.
 Referências Bibliográficas:
1. Andia I, Maffulli N. Biological therapies in regenerative sports medicine. Sports Med. 2021;51(4):727–44. PubMed
2. Chahla J, Cinque ME, et al. Bone marrow aspirate concentrate in sports medicine. Am J Sports Med. 2018;46(2):349–59. PubMed
3. Singh H, et al. Comparative effectiveness of intra-articular injections. Arthroscopy. 2024. PubMed
4. Shapiro SA, et al. Safety and efficacy of BMAC in mild knee OA. Am J Sports Med. 2016;44(4):884–91. PubMed
5. Rossi LA, et al. PRP for acute muscle tear. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc. 2017;25(10):3319–25. PubMed
6. Andia I, et al. Injectable PRF for tendon healing. Int J Mol Sci. 2020;21(18):6852. PubMed
7. Keeling EL, et al. BMAC vs hyaluronic acid for OA. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc. 2021. PubMed
8. Viswanathan S, et al. PRP and BMAC in OA: RCT protocol. BMJ Open. 2018;8:e039105. PubMed
9. Viswanathan S, et al. BMAC for OA long-term. Indian J Orthop. 2024. PubMed
10. Hernigou P, et al. Adipose-derived stem cells in orthopaedics. Int Orthop. 2021;45(5):1289–1300. PubMed
11. Hamilton B, et al. PRP vs placebo in hamstring injuries. Am J Sports Med. 2015;43(3):655–pubmed